terça-feira, 2 de junho de 2015

“Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.(07/06/2015)

   Introdução geral
   Continuamos o nosso itinerário espiritual, seguindo os passos de Jesus. Este ano temos como nosso guia espiritual o evangelista Marcos (ciclo B), que nos coloca frente a frente com Jesus Cristo, o Messias, que vem instaurar o Reino de Deus e não vem de forma triunfante, mas como o servo sofredor, perseguido e executado na cruz. Somos todos parte integrante da família de Deus. Esta é uma realidade nova apresentada pelo evangelho. A liturgia nos ajuda a entrar neste mistério de intimidade com Deus como membros ativos. Convoca-nos a sermos parte da família de Deus, a qual não tem fronteiras de nenhum tipo nem critérios que consideram uns superiores aos outros. É um grupo aberto a todos e todas que queiram fazer a vontade de Deus, estar ao seu redor, serem seus amigos.
   Recordando a Palavra
   Evangelho (Mc 3,20-35): Tudo vos será perdoado
   O trecho do evangelho de Marcos está colocado após a escolha dos Doze (Mc 3,13-19) e antes das parábolas sobre o Reino de Deus (Mc 4, 1-34). Ele revela que a escuta da Palavra é condição essencial para ser discípulo de Jesus e participar de sua comunidade. A multidão sofrida acorre a Jesus, vinda de várias regiões, com a esperança de libertação (Mc 3,7-12). O caminho do discipulado leva a compreender “o mistério do reino de Deus” (Mc 4,11), que se revela, aos poucos, em Jesus, o Cristo e Filho de Deus.
   Os que acolhem os ensinamentos de Jesus realizam a vontade de Deus. Jesus o afirma de forma clara: ”Eis minha mãe e meus irmãos” (3,34-35). A comunidade de irmãos e irmãs é formada pelas pessoas que aderem a Jesus e manifestam a presença do Reino de Deus através de palavras e ações.
   I leitura (Gn 3, 9-15): E, chamando-os, disse o Senhor: “Onde estás?”
   A leitura do livro do Genesis pertence a um bloco maior em que fala de toda a realidade humana. Adão, “tirado da terra”, e Eva, “mãe dos viventes”, representam o ser humano. A ambição em querer ser igual a Deus afasta do caminho de felicidade desejado por Deus. Os caminhos contrários aos ensinamentos do Senhor rompem a harmonia do paraíso, a comunhão fraterna. A promessa da vitória sobre a serpente pela descendência de Eva, a mãe dos viventes (3,15), realiza-se plenamente em Jesus, cuja entrega proporciona a vida eterna ao ser vivente.
   O Salmo 129 (130), de romaria, expressa o clamor cheio de confiança a Deus, o único que pode salvar. O salmista espera no Senhor e em sua Palavra libertadora, mais que a sentinela pela aurora, após uma noite de vigilância. O motivo da confiança absoluta é que no Senhor encontra-se misericórdia e copiosa redenção.
   II leitura ( 2 Cor 4,13-5,1):O Senhor nos dará o perdão e a sustentação
   Este trecho de Paulo salienta a audácia apostólica e a confiança na graça do Senhor. Paulo, em meio ás tribulações testemunha: “Eu tive fé e, por isso, falei” (2 Cor 4,13). A fé ativa imbuída da força do espírito suscita o testemunho e o anúncio da Boa-Nova de Jesus. A razão da fé este em Deus, que ressuscitou Jesus e que ressuscitará o ser humano com Ele, conduzindo-o à comunhão eterna em sua presença. A adesão a Jesus, no caminho do discipulado, faz a comunidade transbordar de ação de graças para a glória de Deus.  A imagem da tenda dos nômades no deserto ensina a “renovar dia a dia nosso interior”.
   O mistério da graça de Deus, que atua em nossa fragilidade, e o testemunho vivo de Jesus nos guiam no caminho dos valores do Reino, que permanecem para sempre. Paulo lembra que o essencial é confiar no Senhor: “Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a força realiza-se plenamente” (2 Cor 12,9).
   Atualizando a Palavra
   A verdadeira família de Jesus é formada por aqueles que escutam seu ensinamento e praticam a vontade de Deus, no caminho do discipulado. Com seguidores e seguidoras de Cristo, somos chamados a formar comunidades fraternas de irmãos e irmãs, trabalhando para vencer as forças contrárias ao reino, que tentam enfraquecer a nossa missão ao serviço do Evangelho.
   Paulo, enquanto sofre a cada dia por causa do Evangelho no seu ministério, renova a fé e a esperança na ressurreição de Cristo. Os desafios da evangelização, as tribulações e os receios tornam-se pequenos comparados à alegria da glória plena no Senhor da vida porque “trazemos este tesouro em vasos de barro” (2 Cor 4,7) e em nós se manifesta a graça.
Luis Filipe Dias

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