quarta-feira, 29 de março de 2017

O Espírito de ressurreição e vida (02/04/2017)

   Introdução geral
   Deus se revela por meio da palavra profética. Na primeira leitura, Ezequiel anuncia vida nova para os que se encontram sem esperança no “túmulo” do exílio da Babilônia. O dom do Espírito de Deus revigora o coração do povo e lhe suscita vida plena com seu regresso à terra de Israel em plena liberdade (I leitura).
   A revelação plena se realiza na pessoa de seu Filho, hoje por meio da ressurreição de Lázaro. Quem vive e crê nele jamais morrerá (Evangelho).
   Na carta aos Romanos, Paulo orienta os cristãos a uma vida nova proveniente da fé em Jesus Cristo.  É a vida no Espírito. Ele habita em cada pessoa e suscita vida aos corpos mortais (II leitura).
   Os textos deste V domingo enfatizam a vitória da vida sobre a morte como dom de Deus. O seu Espírito nos faz novas criaturas: transforma, reanima, fortalece e dá vida.

Comentários aos textos bíblicos
   I leitura (Ezequiel 37,12-14): Porei o meu Espírito em vós
   Ezequiel profetizou junto aos exilados na Babilônia ao redor do ano 580 a.C. O povo encontra-se numa crise profunda de identidade. Está longe de tudo e de todos. Deus parece ausente. Deus envia o seu profeta para falar ao seu povo que vive como se estivesse morto. Pela força de Deus eles se vão levantar das cinzas e sair dos “túmulos” de morte. Em nome de Deus, Ezequiel anuncia um novo êxodo. No primeiro êxodo, Deus libertou o seu povo da escravidão do Egito e lhe deu a terra prometida. Agora Deus também quer libertar o seu povo do exilio da Babilônia e serão reintroduzidos na terra de Israel. O povo disperso, qual ossos ressequidos espalhado no vale da morte, será reunido e terá vida de novo. Pela força de Deus, os esqueletos sairão de seus túmulos e voltarão a ter vida em si. Deus continua a amar o seu povo e lhe dará vida em liberdade plena.

   II leitura (Romanos 8,8-11): Vida nova no Espírito Santo
   A vida no Espírito Santo se contrapõe à vida segundo a carne, ou seja, aos instintos egoístas. A nossa primeira passagem da morte à vida deu-se no Batismo, pelo qual “morremos com Cristo, com Ele fomos sepultados, para vivermos uma vida nova” (Rom 6,4).

   Evangelho (Jo 11,1-45): Jesus é a ressurreição e a vida
   Na quinta semana da quaresma escutamos o Evangelho da ressurreição de Lázaro. Ele faz-nos meditar que todos nós precisamos morrer para nós mesmos, a fim de alcançar, em Cristo, a verdadeira vida.
   A narrativa da ressurreição de Lázaro corresponde ao último dos sete sinais de libertação que Jesus realiza no Evangelho de João. Os relatos dos sete sinais procuram levar os cristãos a refletir sobre o sentido profundo da vida humana. Em João os sinais revelam Jesus em ação:

(I sinal) Jesus muda a água em vinho nas boas de Caná da Galileia (2,1-12);
(II sinal) Jesus cura o filho do funcionário real (4,46-54);
(III sinal) Jesus cura o paralítico à beira da piscina de Betesda (5,1-18);
(IV sinal) A multiplicação dos pães que mata a fome do povo (6,1-15);
(V sinal) Jesus caminha sobre as águas (6,16-21);
(VI sinal) O cego de nascença (9,1-41);
(VII sinal) A ressurreição de Lázaro ( 11, 1-45).

   Todos os sinais visam apresentar Jesus como o Messias que veio para resgatar a vida plena para os seres humanos. Em cada sinal, percebe-se um propósito pedagógico: a representação de um caminho novo apontado por Jesus para derrubar todas as barreiras que impedem a pessoa de realizar-se plenamente.
   Em meio às trevas da incredulidade e da desesperança, Jesus faz brilhar o sol da esperança. A morte não detém a última palavra. Jesus é a ressurreição e a vida.
   RICA: A liturgia do quinto domingo da Quaresma reserva aos catecúmenos o terceiro escrutínio. Com o Evangelho de Lázaro, o eleito é colocado no drama da morte e ressurreição de Cristo que é caminho, verdade e vida.
   O Evangelho acentua, por cinco vezes, a relação de amizade de Jesus por Lázaro e pelas suas irmãs: “Vede como era seu amigo” (Jo 11, 36) e, ao mesmo tempo, desenvolve o diálogo orante de Jesus com o Pai: “Pai, dou-Te graças por me teres atendido” (Jo 11,41).
   Nesta semana, somos desafiados a valorizar a ORAÇÃO, como um “tratar de AMIZADE com Aquele que sabemos que nos ama” (Santa Teresa de Jesus, Livro da Vida, 8,5).
Luis Filipe Dias

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