A liturgia do 29º Domingo do
Tempo Comum convida-nos a refletir como devemos nos relacionar entre as
realidades de Deus e as realidades do mundo. Diz-nos que Deus é a nossa prioridade
e que é a Ele que devemos subordinar toda a nossa existência; mas avisa-nos
também que Deus nos convoca a um compromisso com a construção do mundo. Demos
glórias ao Senhor que nos concede seu Espírito Santo para vencermos as batalhas
das forças contrárias ao Reino. O povo pertence a Deus e não aos poderes do
mundo. Tudo
o que somos e tudo o que temos vem das mãos de Deus. Celebramos hoje o Dia
Mundial das Missões, com o tema: “A missão no coração da fé cristã”.

Neste trecho da primeira
leitura, vemos que até aqueles que não têm fé, podem ter as suas ações
dirigidas por Deus que nos conhece profundamente, conhece nossa essência, nos
escolhe para colaborar com o seu projeto
de salvação, nos chama pelo nome e o maravilhoso, capacita seus escolhidos.
Como Ciro, rei pagão, não reconheceu o Senhor, nós muitas vezes também não
reconhecemos esse Deus Pai carinhoso, que nos sustenta, nos toma em suas mãos, Ele
nos ama apesar de tudo. O profeta Isaías fala da
intervenção do Senhor na vida do rei Ciro e de como ele foi preparado para esta
difícil missão. Isto nos revela que, da mesma forma, em algum momento da nossa
história, nós podemos ser convocados por Deus para a missão de salvar almas e o
Senhor nos exercita e nos prepara para alguma tarefa, muitas vezes não fáceis,
mesmo que não tenhamos ainda consciência da sua proposta. Nessa caminhada
somos apenas instrumentos de que Deus precisa e se serve para concretizar seus
projetos de salvação.
Todas as nações da terra devem ao
Senhor tributos de louvor pela Sua glória e Seus prodígios, nos diz o Salmo 95, assim nos exorta o salmista,
a reconhecer o Senhorio de Deus Pai.
Ó família das
nações, dai ao Senhor poder e glória!
Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
/ cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! / Manifestai a sua glória entre as
nações / e, entre os povos do universo, seus prodígios!
Pois Deus é grande e muito digno de
louvor, / é mais terrível e maior que os outros deuses, / porque um nada são os
deuses dos pagãos. / Foi o Senhor e nosso Deus quem fez os céus.
Ó família das nações, dai ao Senhor,
/ ó nações, dai ao Senhor poder e glória, / dai-lhe a glória que é devida ao
seu nome! / Oferecei um sacrifício nos seus átrios.
Adorai-o no esplendor da santidade, /
terra inteira, estremecei diante dele! / Publicai entre as nações: “Reina o
Senhor!”, / pois os povos ele julga com justiça.

Nesta
leitura Paulo, Silvano e Timóteo, saúdam a comunidade de Tessalônica e faz
elogios aos irmãos por viverem à luz do Espírito Santo, na graça da fé ativa, o
esforço do amor sincero e por estarem firmes na esperança com perseverança,
aliás este “tripé” (fé, esperança e caridade) é que sustenta nossas vidas e
nossas comunidades cristãs, alicerçada em nosso Senhor Jesus Cristo, nossa
pedra fundamental. Irmãos quando pertencemos ao número dos escolhidos, chamados
por Deus nosso Pai, Ele nos dá todas as ferramentas necessárias, para
cumprirmos nossas missões, com a força do Espírito Santo, nos dando sabedoria,
discernimento, coragem para levar e anunciar o Evangelho, não só com palavras,
mas com testemunho, na alegria de seguir adiante em meio as dificuldades e
provações. A nossa fé nos leva a um compromisso
mais efetivo com a transformação da nossa vida, da nossa família, da nossa
comunidade e do mundo que nos rodeia.

No Evangelho de hoje, Jesus
é testado. É colocado numa situação embaraçosa pelos fariseus. Tinham
certeza que, desta vez, Jesus não encontraria saída. A pergunta tinha uma
grande dose de maldade e de malícia. Qualquer resposta seria comprometedora
para Jesus. Só havia duas respostas: sim
ou não. Dizendo sim,
desagradaria e revoltaria o povo. Dizendo não, teria que se haver com os poderosos, pois estaria
depondo contra o poder romano. “Hipócritas,
por que me tentam?” Com estas palavras, ao pedir que lhe mostrem a moeda, e
ao perguntar de quem é a figura e a inscrição, Jesus força os próprios inimigos
a dar a resposta certa: “É de César”.
Agora sim, ao ouvir o que queria ouvir, respondeu de forma clara: “Pois então, dai a César o que é de César, e
a Deus, o que é de Deus”. Com essa resposta, Jesus não discute a questão do
imposto. Ele sabe que a contribuição é necessária. No entanto, sua grande
preocupação é com o povo, com a injustiça e com a opressão. Com certeza, Jesus
desaprova a sonegação de impostos, desaprova também as falcatruas, as
corrupções, o desvio e o mau uso do dinheiro público. Jesus deixa bem claro que
o imposto só é justo quando é revertido em benefício do povo, de toda sociedade.
Meus irmãos, a liturgia deste domingo é
bastante atual, pois se refere a duas realidades opostas: “Dar a César o que de César”, e a “Deus o que é de Deus”. Tudo o que temos
nos vem de Deus, pela sua graça, generosidade e seu amor. Na verdade,
quando ofertamos algo a Deus, só estamos devolvendo um pouco do que Ele nos
deu. Jesus nos propõe cumprirmos com as nossas
obrigações básicas que são inerentes ao nosso ser material. Ao mesmo
tempo, Ele nos ensina, amparados pela força do Espírito Santo, a prosseguir na
nossa busca da santidade que nunca nos será tirada. Temos dado a César o que é
de César e a Deus o que é de Deus? Temos cumprido com nossas obrigações sociais
e espirituais? Pensemos e
sejamos corajosos.
Neste mês missionário, nos 300 anos da
aparição da imagem de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, que ela nos
proteja e sejamos fiéis à missão do serviço profético com ousadia de levar a
Boa Nova do seu Filho, como ela nos recomenda: “Fazei tudo o que Ele vos
disser”. Deus está conosco! Paz e bem. Irmãos e irmãs, uma ótima e abençoada
semana a todos e todas.
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Marlene Coelho Resstel |
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